16 de fev. de 2007

Enfim, uma proposta interessante sobre maioridade penal

Não sou a favor de reduzir a idade de 18 anos para 16 em um processo penal. Pura e simplesmente só iria aumentar o número de presos. Na verdade, precisamos saber o queremos fazer com os presidiários, tal pergunta que a sociedade precisa responder. Mas, com o clamor da população a respeito da tragédia de João Hélio, é inevitável que algo seja feito. Várias propostas surgiram. Dentre elas, uma que apareceu no jornal O Dia, bastante interessante. Abaixo, um trecho da notícia, veiculada no dia 14 de fevereiro:
"O juiz Carlos Borges, da Vara de Execuções Penais, é o autor da proposta de alteração na legislação que mais agradou o governador. Pelo projeto, juízes poderiam antecipar a maioridade penal de menores de 18 anos, dependendo da gravidade do crime. Equipe de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais avaliaria a consciência do jovem e poderia declarar a maioridade do adolescente. No Congresso, há seis Propostas de Emenda à Constituição sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 ou até 14 anos. Outra idéia em discussão é criar um fundo que reverteria para as vítimas da violência, com bens apreendidos de criminosos."

13 de fev. de 2007

A morte da esperança








Hannah Arendt dizia que o objetivo da sociedade é preparar a própria sociedade para os que virão. Isso talvez tenha sido o principal fator que desencadeou a indignação e revolta com a morte de menino João Hélio, provocando uma comoção nacional. Todo esforço dos pais na criação do filho, o futuro da família, de repente morto de forma bárbara. Como se não houvesse mais possibilidade de futuro (ainda há, pois existe a irmã de João, que sobreviveu à tragédia). A partir desse ponto inicia-se uma série de discussões, entre elas a maioridade penal, policiamento etc. Em primeiro lugar, o apoio à família, apoio incondicional, pois não há como indagar se o pequeno João deveria estar sem o cinto ou não, se eles deveriam passar por ali ou não, se a mãe deveria ficar na frente dos bandidos ou não. Não sabemos como seria nossa reação diante desse crime. Em segundo lugar, o Mal existe. por mais que se possa explicar através do olhar social, policial ou ecônomico, entre tantos outros, o Mal existe no coração do homem. Sendo cometido por jovens, entre 16 e 23 anos, nos assusta mais ainda porque pressupõe uma geração vindoura amoral, sem respeito pela dignidade humana. A resposta deve ser mais violenta que o problema? Se pudéssemos cumprir ao pé da letra a Lei e a Constituição Federal, seríamos um país deveras melhor. Mas ainda não podemos, porque cada um de nós, em sua atividade, não faz ou produz que lhe é devido em prol da sociedade. Visto por tal ângulo, somos também, todos nós, culpados por esse crime, votamos mal, cobramos mal, buscamos sempre uma forma de ludibriar o sistema... A resposta talvez esteja no desdobramento do resgate e da punição. Punir quem merece ser punido, resgatar os que forem possíveis. Alterar a maioridade penal não irá solucionar, mas é preciso que haja algum tipo de acompanhamento para que se possa dizer, com segurança, que é possível tal sujeito retornar ao convívio da sociedade. Desnecessário dizer que devemos também, no que se refere aos nossos filhos, indagar sobre a seguinte pergunta que Sócrates, filósofo grego, já questionava: "que futuro queremos/daremos para nossos filhos?"

Quadro de Vassili Kandisnky

5 de fev. de 2007

Povo X Sambódromo?

Há alguns dias vários jornais apresentam matérias destacando a presença do povo, em massa, nos ensaios das escolas de samba no Sambódromo. Eu mesmo já presenciei, passando por ali, numa sexta-feira à noite. Não há surpresa. Com o ingresso para arquibancada custando cr$110,00 (por pessoa) ,a melhor opção, claro, são os ensaios. Para quem gosta, e paga, não é desperdício, mas investimento, como se estivesse comprando um pedacinho de felicidade por algumas horas. Para quem não gosta, como eu, fica a impressão de que cada vez mais o Sambódromo, nos dias de carnaval, fechou para o povo, tornando-se exclusividade para turista. O povo é só um grande painel, na passarela e no lado de fora. Opinião (arrisco a dizer que é quase um clichê) de quem não é chegado no samba.

2 de fev. de 2007

Natureza e homens


Enquanto não sai o parecer final do famigerado relatório sobre aquecimento global e o futuro do homem numa terra cercada por desastres ecológicos, não custa nada apreciar o belíssimo quadro de Turner, pintor inglês do Romantismo. Trata-se de "Tempestade de neve: o exército de Aníbal atravessando os alpes suíços", de 1812. Com este quadro é possível imaginar quão frágeis e pequenos somos diante da natureza, sua fúria, com o sol, diminuto, imparcial e ao mesmo tempo construindo no quadro algo próximo de um olho, feito o olhar de um pássaro pronto para abater sua presa. Todo esse alarde em torno do aquecimento global me faz sentir um pouco um dos homens de Aníbal, nessa pintura. Quem tiver o interesse de conhecer mais sobre a vida e a arte de turner, basta clicar no endereço: http://www.abcgallery.com/T/turner/turner.html

1 de fev. de 2007

Nova edição de Marcel Proust


Está saindo pela Editora Globo uma nova edição dos livros de Marcel Proust: Em busca do tempo perdido. Serão sete livros com as traduções dos maiores poetas e escritores, dentre eles, Mário Quintana e Carlos Drummond. Precisa dizer mais alguma coisa? Cheguei a ler, numa época bem remota, os três primeiros livros (O Caminho de Swan, O Caminho de Guermantes e Á sombra das raparigas em flor). Como está saindo uma edição por mês, eu acho, vou comprar e, quem sabe, fazer deste ano o ano da leitura d´Em busca do tempo perdido.

P.S.: o quadro é La Grenouillère, de Renoir.