14 de mar. de 2005

A República Mundial das Letras: modus operandi

Terminei recentemente de ler A República mundial das Letras, de Pascale Casanova, Estação Liberdade. A autora discute a possibilidade de demarcação do universo das Letras utilizando termos da economia, como acumulação de capital (literário), entre outros. A capital da Literatura Internacional, segundo Casanova, seria Paris, tendo como concorrentes o eixo Londres-Nova Iorque. Nas línguas de menor acumulação literária, vamos chamar assim, como a espanhola e a portuguesa, teríamos, respectivamente, Barcelona e o eixo São Paulo-Lisboa. De início a autora narra como a língua francesa buscou sobrepujar-se à língua latina, então dominante, e, em seguida, outras línguas, como a inglesa e a alemã, que buscaram nivelar-se à língua francesa, posteriormente. Apresentando o universo literário como campo de luta, Casanova destaca alguns grupos de escritores: os assimilados, que abdicam da língua nativa a favor da francesa ou inglesa, os tradutores, que para escaparem do ostracismo precisam traduzir-se para sobreviver; os revoltados, que lutam pelo reconhecimento a partir da língua nativa, como alguns escritores africanos e os revolucionários, que construíram uma língua internacional, como James Joyce, William Faulkner. Livro muito interessante, sobretudo pela parte referente à edição de livros sob a ótica dos conglomerados de entretenimento que estão absorvendo editoras, impondo suas altas margens de lucro, taxas de retorno, na produção e distribuição no mercado literário.

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