20 de out. de 2005

Corpo discente

Para quem não sabe, trata-se de alunos, do conjunto de alunos. Tenho sido apontado por meus alunos do Segundo Grau no CIEP em Itaboraí, interior do Rio de Janeiro, como um dos mais perversos professores. Comentam que as minhas provas de português são difíceis e, o pior, têm dez questões! Eles não estão acostumados com uma prova tão extensa. Na verdade, não estão acostumados com a palavra escrita. Muito complicado... Praticamente não lêem nada, nem jornal de esportes, arrisco-me a dizer que o pouco contato com a escrita está condensada ao colégio. O CIEP não oferece cópias de textos para os alunos, os mesmos quase sempre reclamam quando precisam pagar para tirar cópia. Não é possível utilizar a biblioteca, da forma que gostaria. Há bons livros, mas em geral poucos têm oito ou nove de uma mesma edição. Freqüento bastante a biblioteca, já me disseram que aquela é uma das poucas da região, e, atualmente, quase não recebe novas remessas. Como suponho que o CIEP, desculpe, agora se chama " Brizolão", tenha cerca de 700 alunos, vi, até hoje, somente três alunas que realmente são leitoras. Não vejo mudança a curto prazo. Porém acredito que é preciso planejar atividades e possibilidades para que as futuras mães dessa geração possam relevar a importância da leitura na educação dos filhos. Não sei como poderia ser feito. Tenho andado pessimista por estes dias...

4 de out. de 2005

PROALFA: anos de experiência

Ontem, dia 3 de outubro, foi aniversário do PROALFA, Programa de Alfabetização da UERJ. Participei da história desse programa. Dentre as comemorações, Houve o lançamento de um livro com os textos dos alunos da Terceira Idade que participam das classes de alfabetização. Na época, tomei contato com a alfabetização, li bons livros sobre o tema, e trilhei uma parte de minha vida nesse trabalho com alfabetização de jovens e adultos, comunidades carentes... Rapidamente descobri que são pouquíssimos programas sociais sérios, em todas as esferas: federal, estadual e municipal. Foi emocionante ver os alunos, alguns de minha época de trabalho, receberem os exemplares do livro, uma coletânea. Realmente somos uma sociedade que valoriza por demais a cultura escrita. Assistir aos alunos, emocionados, falarem sobre a vitória que alcançaram ao publicarem no livro, sobre o valor que davam agora à escrita, foi maravilhoso. Rever algumas pessoas de uma época feliz de minha vida também. Parabéns ao PROALFA e à Profa. Anna Helena Moussatchè, diretora, pessoa querida por muitos. Tive sorte em conhecê-la e trabalhar ao seu lado.