13 de fev. de 2007

A morte da esperança








Hannah Arendt dizia que o objetivo da sociedade é preparar a própria sociedade para os que virão. Isso talvez tenha sido o principal fator que desencadeou a indignação e revolta com a morte de menino João Hélio, provocando uma comoção nacional. Todo esforço dos pais na criação do filho, o futuro da família, de repente morto de forma bárbara. Como se não houvesse mais possibilidade de futuro (ainda há, pois existe a irmã de João, que sobreviveu à tragédia). A partir desse ponto inicia-se uma série de discussões, entre elas a maioridade penal, policiamento etc. Em primeiro lugar, o apoio à família, apoio incondicional, pois não há como indagar se o pequeno João deveria estar sem o cinto ou não, se eles deveriam passar por ali ou não, se a mãe deveria ficar na frente dos bandidos ou não. Não sabemos como seria nossa reação diante desse crime. Em segundo lugar, o Mal existe. por mais que se possa explicar através do olhar social, policial ou ecônomico, entre tantos outros, o Mal existe no coração do homem. Sendo cometido por jovens, entre 16 e 23 anos, nos assusta mais ainda porque pressupõe uma geração vindoura amoral, sem respeito pela dignidade humana. A resposta deve ser mais violenta que o problema? Se pudéssemos cumprir ao pé da letra a Lei e a Constituição Federal, seríamos um país deveras melhor. Mas ainda não podemos, porque cada um de nós, em sua atividade, não faz ou produz que lhe é devido em prol da sociedade. Visto por tal ângulo, somos também, todos nós, culpados por esse crime, votamos mal, cobramos mal, buscamos sempre uma forma de ludibriar o sistema... A resposta talvez esteja no desdobramento do resgate e da punição. Punir quem merece ser punido, resgatar os que forem possíveis. Alterar a maioridade penal não irá solucionar, mas é preciso que haja algum tipo de acompanhamento para que se possa dizer, com segurança, que é possível tal sujeito retornar ao convívio da sociedade. Desnecessário dizer que devemos também, no que se refere aos nossos filhos, indagar sobre a seguinte pergunta que Sócrates, filósofo grego, já questionava: "que futuro queremos/daremos para nossos filhos?"

Quadro de Vassili Kandisnky

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