9 de set. de 2005

Sombras da morte em "A queda! Os últimos dias de Hitler"

Fiquei impressionado com o filme. Bruno Ganz interpreta Hitler com um vigor e temor que nos choca. Porém chocante mesmo é o suicídio, a sombra da morte que percorre por todo o filme, e o ato patético em si, pelos olhos de quem idolatrava Hitler, arruinado, Eva Braun alucinada, ambos negando veemente a realidade que os permeia: a guerra acabou, tudo foi destruído, todos os sonhos de grandeza. Seus generais completamente aturdidos, entregues aos delírios do álcool e aos impropérios do Füher. O suicídio, como ato final dessa loucura que foi a 2ª Guerra Mundial, surge carregado de alívio, enfado, temor e com um peso niilista que esmaga e sufoca quem assiste ao filme. A negação da esperança com o assassinato dos filhos de Goebbels, perpetrada pela esposa, num ato de louvor ao Nazismo foi, para mim, terrível. Assim como o garoto, jovem soldado que recebe uma medalha do Füher por ato de bravura, que percebe, ao ver os amigos mortos, seus companheiros de infância e de luta, despe-se do manto da guerra e retorna ao lar com uma espécie de filho pródigo. E por tratar-se de uma loucura, tem os pais mortos pelos próprios soldados alemães, caminhando para um mundo sem sentido. Sente-se no corpo decadente de Hitler o ódio não mais por judeus, mas por toda a humanidade como a derrocada final. O filme segue a trama aos olhos da jovem secretária de Hitler. Aliás, inicia-se o filme com o depoimento da secretária nos dias atuais e encerra-se com um mea culpa honesto e sensível, de quem, deslumbrada com o mundo e a curiosidade juvenil de estar no centro da história, ao trabalhar com o ditador, não se apercebeu da violência e do banho de sangue, inadmissível em sua própria opinião, que manchou para sempre a Alemanha.

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