18 de fev. de 2005

Os sistemas d`O Arco-íris da Gravidade, romance de Thomas Pynchon

Terminei de ler o livro O Arco-Íris da Gravidade, de Thomas Pynchon, da Companhia das Letras, tradução de Paulo Henriques Britto. Um calhamaço de mais de setecentas páginas. Já fora avisado de que se trataria de uma leitura difícil. Mas eu sou persistente. Sempre vejo tais livros como montanhas que precisamos escalar de vez em quando. Nesse, há um fiapo de história: final da Segunda Guerra Mundial e início do Pós-Guerra, Slothrop, combatente americano em Londres, desperta o interesse de uma agência militar porque toda vez que faz sexo uma bomba V2 cai por perto. há diversas personagens e o cenário é a Europa devastada. Situações diversas vão se sucedendo, alternadamente, quase num ritmo alucinatório. Estão lá teorias da conspiração, discursos sobre a tecnologia, grandes corporações, sexo, drogas... As personagens são, em sua maioria, caricaturais. O que está em jogo no romance é o advento do discurso tecnológico incorporado à guerra pelas grandes corporações, e o homem frente a esse novo mundo do Pós-Guerra. É a elaboração de sistemas de controle e informação pelas grandes empresas, tudo num tom bastante irônico, reflexivo, cruel... As personagens são rasas em virtude das redes de sistemas que são construídas, que as descaracterizam. O ponto alto é o discurso técnico-científico a favor da guerra, do controle do poder pelas grandes empresas. Penso ser o prenúncio do que vivemos hoje (o livro é de 1973) com o controle da informação e do poder pelas multinacionais. Livro difícil, porém interessante. Para dar um gostinho a mais, o final é a narração de uma bomba experimental (se quiserem leiam o livro!) em queda livre e o silêncio de sua explosão. Não se preocupem.. contar o finalzinho do livro não vai estragar a leitura (rs).

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