8 de fev. de 2005

Trabalho de leitura em sala de aula - parte IV

5. Não subestimar o aluno;
Tenho uma experiência curiosa para este assunto. Numa atividade de leitura que exerci com turmas da 3a idade, resolvi trabalhar a letra da música “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo. Qual era minha intenção? O texto seria um pretexto para discutir tempos idos, reavivando-os para contrapor com o momento atual, de maneira bem simples, numa discussão nada complicada. Quando comecei a perguntar sobre as marchinhas e o carnaval daquela época, Dona Juraci, uma das alunas, interrompeu-me e perguntou se Lamartine não estaria sendo racista, comparando a cor da mulata com uma doença (“Mas como a cor não pega/Mulata/Mulata quero o teu amor”). Não esperava por essa pergunta. Na verdade, achei que não sairíamos de uma conversa nem tanto profícua. Foi um erro ter subestimado aquele grupo de leitores.

6. Valorizar o discurso do leitor;
Valorizar o discurso do leitor significa dar vazão ao que o leitor questiona. Bons professores incentivam o diálogo e o confronto de idéias. Maus professores apegam-se ao monólogo e ao conforto das idéias – estas, geralmente cristalizadas.

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