25 de dez. de 2004

Há seis anos atrás

Em junho de 1998 escrevi uma resenha, tímida, sobre um livro que achei muito interessante. Não tinha publicado (até agora), na verdade já estava quase esquecido. Mas, próximo do Ano Novo, começamos o ritual em que atualizamos o nosso velho baú: papéis, histórias, sentimentos, revirados para uma nova ordem. Nesta nova ordem (re)descobri o texto:
A Poesia em Pedras de Toque
No final da década de 50, o Jornal do Brasil publicava semanalmente um suplemento em que se registrava uma página de poesia, mais especificamente a página Poesia-Experiência do grande poeta Mário Faustino. Em sua página, cuidava publicar de modo sistemático as nossas “pedras de toque” (touchstone) da poesia nacional; fosse para fins mesmo didáticos, fosse apenas para registro. Mas o que vem a ser “pedra de toque”? Trata-se de um termo referente a pequenos trechos, expressões ou mesmo frases contidos em poemas ou textos em prosa que revelam, devido à sua própria concisão, uma densidade poética muitas vezes marcante, seja de teor clássico, seja de teor moderno.
Pois bem, num de meus passeios literários por entre as estantes da Biblioteca Popular do Engenho Novo - Agripino Grieco encontro quase que por acaso (pois acredito que houve um empurrãozinho do destino nesta descoberta e por isso digo: “quase que por acaso”) encontro um livro pequeno, singelo e bastante apurado em sua forma. Pedras de Toque da Poesia Brasileira, de José Lino Grünewald, da Editora Nova Fronteira, procura resgatar e manter a tradição iniciada por Mário Faustino, que infelizmente foi interrompida. A organização e seleção primorosa do poeta e crítico das Letras, Grünewald, desvela em suas pedras a riqueza melódica e imaginativa da poesia brasileira. São passagens memoráveis que apontam alguns de nossos melhores momentos literários sob a pena de C. D. de Andrade, Cruz e Sousa, Ferreira Gullar, Chico Buarque, Manoel de Barros, Antônio Carlos Jobim, Ary Barroso entre tantos outros.
Recomendo o livro como presente para os amigos e apaixonados por nossa literatura. Para os incrédulos, vale conferir na Biblioteca situada na rua Vinte e Quatro de Maio, 1305, Engenho Novo. Encerro o texto com uma pequena mostra:
“Se o barco que eu não via é a vida passando”
Vinícius de Moraes (Ilha do Governador)
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“Tão leve estou que já nem sombra tenho”
Mário Quintana (A rua dos cataventos)
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“(O) rio sempre renasce.
A morte é vida.”
Guimarães Rosa (Alongo-me)
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“Quando os espelhos lhe dão conselhos”
Lupicínio Rodrigues (Castigo)

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