26 de dez. de 2004

Intelectuais, tarefas e o poder

Sempre me interessei pela questão dos intelectuais, pela tenacidade das idéias e pelas possibilidades de propostas oferecidas para a sociedade e o papel mesmo que deveriam assumir. E um livro que me chamou a atenção foi Os intelectuais e o poder, da Unesp, de Norberto Bobbio, em que são discutidos a relação do intelectual com o poder e os tipos de intelectuais. Cito abaixo alguns trechos desse livro:
· ... quatro pontos de vista típicos das relações entre intelectuais e classe política: 1) o intelectual não tem uma tarefa política, mas uma tarefa eminentemente espiritual (Benda); 2) a tarefa do intelectual é teórica mas também imediatamente política, pois a ele compete elaborar a síntese das várias ideologias que dão passagem a novas orientações políticas (Manheim); 3) a tarefa do intelectual é teórica mas também imediatamente política, pois apenas a ele compete a função de educar as massas (Ortega); 4) a tarefa do intelectual também é política, mas a sua política não é a ordinária dos governantes, mas a cultura, e é uma política extraordinária, adaptada aos tempos de crise (Croce). (pág. 34)
· Os intelectuais, por tradição, aplicavam a mente àquilo que é verdadeiro acima dos interesses de tempo e espaço, e eram os servidores da justiça abstrata acima das partes. A partir do momento em que a paixão política se tornou prevalente, os intelectuais começaram a subordinar as verdades eternas aos interesses contingentes da nação, do grupo ou da classe, a submeter a razão da justiça à razão do Estado: traem assim a sua tarefa. (pág. 45)
· ... a tarefa do intelectual é a de agitar idéias, levantar problemas, elaborar programas, ou apenas teorias gerais; a tarefa do político é a de tomar decisões. Toda decisão implica escolha ente possibilidades diversas, e toda escolha é necessariamente uma limitação, é ao mesmo tempo uma afirmação e uma negação. (pág. 82)
· ... o problema dos intelectuais é o problema da relação entre os intelectuais – com tudo o que representam de idéias, opiniões, visões do mundo, programas de vida, obras de arte, do engenho, da ciência – e o poder. (pág. 112)

3 comentários:

Anônimo disse...

Citações muito boas, Marcelo. O papel do intelectual é injustamente mal visto no Brasil. Vou ler esse livro. Tem um outro que estou de olho: "Os intelectuais na Idade Média", do Jacques LeGoff) (Muda esse sistema de comentários, que é muito chato.)

Marcelo Alves disse...

Valeu pela visita epela dica do livro. Qto à postagem no comentário,, bata comentar como " anonymus" e colcar, embaixo, o nome, se quiser.

Anônimo disse...

Troca os comentários pelo tal haloscan, que abre em janelas e é mais fácil. Abração.