20 de jan. de 2005

Alfabetização de jovens e adultos - EJA - parte II

As salas de aula tinham vários pontos em comum. Todas eram salas pequenas, bem iluminadas, e com pouca ventilação, no que acarretaria sérios problemas nos períodos de calor. Nenhuma sala tinha vídeo e televisão. Em um dos casos, havia um corredor largo, no segundo andar de uma das associações de moradores, em que todos passavam, a todo instante e, que se configurava para os alunos e para a educadora, numa bela sala de aula muito bem cuidada, por sinal.
Pois bem, marquei a primeira reunião numa quinta-feira, dia 26. Pretendia iniciar com uma dinâmica de grupo. A idéia básica era falar sobre as nossas experiências com alfabetização e expectativas quanto ao trabalho que estava sendo iniciado. Eu formaria um círculo e com um rolo de barbante jogaria para alguma educadora, ela iria segurar uma ponta e o passaria, em seguida, para outra educadora, de modo que ao final, formaríamos uma rede com o barbante utilizado. Subjacente a isto, a partir desta rede tecida pelas educadoras, pretendia mostrar que não seria eu a tirar todas as dúvidas sobre a natureza desse trabalho, mas o grupo. Daria relevância à formação de um espírito de equipe nas primeiras reuniões, uma vez que todos nós não nos conhecíamos.
Contudo, este foi um propósito que não ocorreu ipsis litteris. Aquela semana tinha sido bastante atarefada para mim e, na pressa, não pude comprar o barbante. Portanto, a idéia de formarmos uma rede começava a ruir. Substituí por uma bola de tênis de mesa, pois bastaria apenas lançar um para o outro. Quem o recebesse faria uma sucinta apresentação. Ao deparar-me com o grupo, composto por algumas senhoras, percebi a confusão que se instalaria caso lançássemos a dita bolinha. E se ela fosse parar na rua? Estávamos numa das salas de alfabetização, no segundo andar, com uma enorme janela aberta para a rua. Era uma possibilidade. E se alguém não pudesse se abaixar para pegá-la? Os constrangimentos de um primeiro encontro não poderiam ser orquestrados por um arremesso mal-sucedido. Achei melhor sentarmo-nos em círculo e, iniciar a conversa.

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